
Colunistas, Papo de Gestão
Evolua ou morra: o que reserva o futuro para o futebol brasileiro?
Contente em retornar à casa que me deu a honra de cobrir um Jogos Olímpicos in loco, gostaria de aproveitar para lançar esta coluna fazendo uma reflexão sobre o que nos reserva o futuro do futebol. Venho em uma semana de imersão em estudos e conteúdos do Congresso FC, do Futebol Interativo, que além de grande aprendizado, traz também um questionamento que é muito importante: para onde está caminhando o futebol brasileiro?
É fato que 2019 foi um ano crucial para o nosso desenvolvimento. Mostrou que profissionalização gera resultado e, não contente, premiou cases de sucesso com conquistas emblemáticas, como foram os casos de Athletico e Flamengo, na elite, e do RedBull Bragantino, grata e promissora surpresa - isso só para citar os que ergueram taças. Além disso, a temporada passada trouxe à tona a discussão sobre flexibilizar a transição para clube-empresa no Brasil, que, apesar de ainda ser um projeto cru e que carece de aprimoramento, se aprovado poderá fazer um reboliço no futebol nacional.
A verdade é que o espaço para os amadores está cada vez menor. E isso é maravilhoso. Os clubes finalmente compreenderam que a mudança é necessária e que sem ela não haverá desenvolvimento. E isso tende a aumentar consideravelmente nos próximos anos. Ou evolui, ou morre. Foi este o caso do Cruzeiro, que massacrado por uma gestão horrenda e irresponsável, amargou o maior desastre da sua gloriosa história.
O negócio ganha cada vez mais força. O futebol deixou de ser somente esporte. Agora é business e também entretenimento. Uma indústria forte, mas que caminha de uma montanha a outra sobre um fio de náilon. Um desequilíbrio para o lado e o tombo pode ser fatal. A concorrência, assim como é de praxe no mundo dos negócios, é como uma alcateia de leões sedentos por um pedaço de carne. Não é só mais 11 contra 11, fatores extracampo também reduzem faturamento e afastam o público. Por isso, é preciso fortalecer e melhorar o espetáculo. Entendam, é uma responsabilidade de todos que trabalham no esporte.
Um dos pontos altos até então foi a palestra que assisti de Rafael Tenório, empresário consagrado de Maceió-AL e o homem que reformulou a gestão do CSA-AL. Pegou um clube às traças, profissionalizou, quitou passivos, fez dar lucro e, touchê: foi para a primeira divisão! E você deve estar se perguntando: “ah, mas o CSA-AL voltou pela mesma porta que entrou”. É verdade. Mas isso faz parte do crescimento a longo prazo. Sobe, mantém a filosofia, busca se manter sem fazer loucuras, fatura e cai. Extraindo as lições, ampliando poder de investimento, mantendo a responsabilidade e reduzindo as dívidas, quando você ver, já figura entre os grandes. E para quem ainda não viu o case, vale a pena conferir. Homem de uma mentalidade estratégica absurda e que, se conseguir dar sequência, vai colocar Maceió no primeiro escalão do futebol brasileiro.
A reflexão é de que estamos finalmente caminhando para o lugar certo. Um trabalho de formiguinha, mas que tende a nos render bons frutos. E podem se preparar. Serão mudanças cada vez mais drásticas. Com o futebol brasileiro se tornando atrativo, a tendência é que o investimento aumente, que as portas para o capital estrangeiro finalmente sejam abertas e que as boas gestões cada vez mais sejam premiadas. E neste caminho abrirá espaço para novos protagonistas. Athletico, Bahia, CSA-AL, Fortaleza e RedBull Bragantino deixarão de ser novidades. E muita gente grande, se não mudar seus processos e ações, ou seja, se não evoluírem, certamente vão acabar morrendo.
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